A Galiza tem três aeroportos, já é um debate histórico se a Galiza precisa de três pequenos aeroportos nas três cidades mais importantes ou se seria melhor ter só um e mais grande. Especialmente vendo como o aeroporto internacional do Porto, no norte de Portugal, fai a funçom de aeroporto dos galegos devido à sua proximidade e maior oferta de voos e conexões internacionais.

Seja como for, o mais lógico hoje seria tirar proveito das três infraestruturas existentes e especializá-las, já que os aeroportos de Vigo e Corunha estám ligados aos seus dous pólos industriais e de negócios, e Santiago o está mais ao turismo. Também é essencial conectar eficazmente os aeroportos entre eles e as principais cidades por trem. A infra-estrutura do antigo aeroporto de Santiago (próximo ao novo de nome "Rosalía de Castro"), poderia ser usada como uma estaçom de conexom com o "TAV" (trem de alta velocidade).

trem de alta velocidade, atualmente em construçom, foi projetado para ligar os portos da Corunha e Vigo a Madrid (e cidades que estám a caminho, como Santiago). E, embora reduza consideravelmente as distâncias entre as principais cidades, o TAV nom para em muitos lugares do país e também é caro para viagens diárias. No momento, o trem tampouco está conectado aos aeroportos.

O que a Galiza precisa é de um sistema de trem de proximidade que equilibre o seu território, semelhante ao de outros países. Que ligue cidades com as vilas cabeceira de comarca e principalmente que conectem o interior ao Eixo Atlântico. É essencial estruturar o território internamente por via férrea e depois uni-lo ao exterior e nom apenas a Madrid, mas também ao norte de Portugal e às Astúrias. 

No entanto, na Galiza, o uso do transporte rodoviário privado foi priorizado em relaçom ao transporte ferroviário público. Investiu-se em boas autoestradas no interior do país e com o exterior, isso si, infelizmente priorizando sempre a ligaçom do Eixo Atlântico com Madrid antes da lógica ligaçom entre todas as áreas urbanas e cabeceiras comarcais galegas. Na verdade, as 7 principais cidades não estão conectadas todas elas entre si por rodovia e às vezes som rodovias de pagamento, enquanto as duas rodovias que chegam de Madrid som gratuitas.

Ademais, desvantagem é a dependência do veículo particular, o que às vezes significa que há mais viagens de carro compartilhado do que de trem, já que o último é mais caro e com horários e conexões piores. Algo que falta na Galiza é a introduçom dum tranvia moderno nas áreas urbanas, que hoje ainda nom existe.

A industrializaçom da Galiza, bem como a melhoria das infra-estruturas e comunicações, internas e externas, chegou tarde. Até a revoluçom industrial, a Galiza era muito povoada e, como regiom agrícola, era rica, mas baseada em uma economia de autoconsumo. 

Alguns produtos como o vinho do Ribeiro ou o linho foram exportados, mas o mercado sempre foi condicionado pelas políticas protecionistas espanholas e internacionais, pelo que muitos jornaleiros íam trabalhar em Castela durante a época da sega, em Andaluzia durante a colheita da azeitona ou em Portugal também durante a vindima ao norte ou a sega ao sul. Com uma populaçom que sabia realizar ofícios no campo ou na pesca, a escassa burguesia que criava indústrias era principalmente foránea. Por exemplo, as primeiras fábricas de conservas foram instaladas por emprendedores catalães.

O déficit industrial da Galiza promoveu o grande êxodo rural entre 1830 e 1930 para cidades do resto da Península Ibérica (Madrid, Barcelona, ​​Bilbao e Lisboa), mas especialmente para a América Latina (Buenos Aires, Montevidéu, México, São Paulo, Caracas, etc...). A Galiza sempre foi uma terra de emigrantes, igual que outros países e regiões europeias como a Irlanda, o Norte de Portugal e o Norte da Itália. Mas não terra de imigrantes, com algumas excepções recentes como a populaçom cabo-verdiana fixada em zonas da Marinha de Lugo para trabalhar na pesca.

O seu carácter predominantemente rural e nom industrial fez com que na Galiza nunca existisse uma sociedade verdadeiramente obreira e reivindicativa. E nas zonas rurais ainda predominam as pequenas propriedades (minifúndios). As famílias rurais tinham um grande número de filhos que, ao herdarem, tiveram que dividir as propriedades em pedaços menores. A única maneira de nom dividi-los era o filho mais velho ficar com todos os bens em troca de cuidar dos parentes mais velhos da casa.

Portanto, era normal que muitos jovens optassem por emigrar, e a maioria dos emigrantes encontrou empregos melhores no setor de serviços em cidades fora da Galiza. Estima-se que entre 1857 e 1960 apenas cerca de 600.000 galegos se estabeleceram na Argentina, e em 2015 foram registrados 168.263 principalmente na cidade de Buenos Aires, conhecida como a quinta província galega por terem direito de voto nas eleições galegas, o que costuma ser importante .

Os galegos abriram associações e centros culturais em todas as cidades latino-americanas de destino, os chamados Centros Galegos, onde se reuniram para divulgar e reivindicar as tradições da Galiza e dar ideias políticas para o seu progresso e desenvolvimento económico. Muitos abriram empresas e instituições importantes nos países de destino, como o Banco Galicia na Argentina ou o Galicia Esporte Clube, time de futebol de Salvador da Bahia no Brasil. O caminho da Galiza deu o salto do mundo europeu para o mundo americano.

Esse êxodo migratório se intensificou na década de 1940, após a Guerra Civil Espanhola, e durou até as décadas de 1950 e 1960 para países europeus como Suíça, Alemanha, França e Bélgica. A partir das décadas de 80 e 90 começa o retorno de capitais desde a diáspora. Muitos galegos regressaram à sua terra natal e abriram negócios principalmente na área da hotelaria. É comum ver bares e restaurantes com nomes como "Bar Paris" ou "Reustaurante Zurich", fundados por galegos que emigraram e ganharam dinheiro nessas cidades. E também nas cidades e vilas galegas foram construídas desde o início do século XX as chamadas "casas de indianos", imponentes casas construídas pelos galegos que fizeram grandes fortunas nas Américas.

É por isso que o povo galego hoje nom tem medo da emigraçom, porque seus antepassados ​​já o fizeram, alguns voltaram e outros ficaram nos seus lugares de destino, trabalhando como mão de obra barata, mas também chegando a criar empresas nesses territórios tam distantes. Atualmente ainda existem galegos emigrados em todos os recantos do mundo, enquanto a populaçom da Galiza diminui a cada ano.

A emigraçom e o avelhantamento da populaçom fazem com que a sociedade galega continue a ser largamente tradicional nos seus costumes, som familiares, conservadores, conformistas, e individualistas. 

No entanto, tanto as coletividades sociais rurais como as urbanas continuam a ser relevantes. Devido aos pequenos assentamentos populacionais, em cada localidade sempre existiu uma uniom dos vizinhos que ainda hoje está viva nas associações culturais ou na gestom das florestas comunais.

E embora nom seja uma sociedade tam exigente como a de outras regiões e países mais industrializados e com maior movimento operário, houve grandes manifestações na sua história recente como os movimentos agrários de 1907, para pedir mais autogoverno com o Estatuto da Autonomia em 1977 ou contra a má gestom ambiental (desastre do Prestige em 2002 e incêndios florestais em 2017).

Também é tradicionalmente uma sociedade matriarcal, onde as mulheres sempre tiveram um papel fundamental dentro do lar e fora dele, sendo uma força de trabalho muito importante nas áreas rurais e desde o início da indústria têxtil.

Hoje em dia, atopamos na Galiza dous importantes pólos industriais: ao norte está o têxtil da mais importante multinacional galega: o Grupo Inditex. E ao sul da Comunidade Autônoma está a indústria automotiva, o grupo francês PSA Citroen. Muitas empresas relacionadas emergem de ambos os setores e geram muitos empregos. Mas esses nom som os únicos setores, outros como a construçom (alumínio, madeira, mineraçom ...) ou a alimentaçom (vinhos, conservas, carne ...) produzem importantes exportações para o exterior.

É importante diversificar o sector industrial, para nom depender só de empresas grandes que podam fechar em épocas de crise. Neste sentido, tem grande importancia o sector do automóvil, já que da muitos postos de trabalho diretos e indiretos. E cômpre a sua adataçom à fabricaçom de veículos eléctricos e híbridos acorde com a politica meio-ambiental europeia, que aposta por reduzir a produçom veículos contaminantes.

Um grande potencial da Galiza é a agroindústria. Além dos excelentes produtos pesqueiros de seus estuários, seus variados produtos gastronômicos som de alta qualidade, como o leite, a carne ou os seus famosos vinhos (denominações de origem). Graças a isso, cada vez mais empresas fabricam produtos artesanais (cervejas, sidras, óleo, queijos, derivados de castanha...) relacionados com a agricultura ecológica. Esse setor é essencial para estabelecer emprego e populaçom nas áreas rurais, além de impulsionar a sua economia por meio de atividades que complementam o turismo, como o turismo gastronômico.


Ría de Vigo
Ría de Vigo, com a Ponte de Rande ao fondo.