A lenda da descoberta da tumba do apóstolo num "campo estelar" (Compostela), coincidentemente no mesmo lugar em que Prisciliano puidera ser enterrado, fortaleceu o cristianismo e, por sua vez, diluiu o priscilianismo, substituindo as suas peregrinações por outras mais multitudinárias.

Com a construçom da catedral onde antes havia uma pequena capela, a Igreja de Compostela tivo um enorme poder no Reino da Galiza, destacando a época de seu primeiro arcebispo Diego Gelmírez. Todo isto num contexto no que a Galiza se viu ameaçada pola chegada de uma nova civilizaçom vinda do Norte de África, os muçulmanos.

Os muçulmanos, novamente chamados "mouros" por causa de sua origem no norte da África (Mauretania), trouxeram uma nova religiom e se estabeleceram durante séculos na metade centro e sul da Península Ibérica. Na Galiza (ou Jalikiah, como a chamavam) apenas se estabeleceram, provavelmente devido às características geográficas e climáticas mais adversas. No entanto, som famosos os pactos dos nobres galegos com Almanzor e também os seus saqueios, como o do roubo das campanas da Catedral de Santiago.

Por outro lado, o crescimento e o aumento do poder em Compostela foram subtraídos de outras cidades como Lugo ou Braga, e com Braga houvo importantes disputas e desacordos tanto no clero como na nobreza de ambas as duas dioceses. 

Perante o poder territorial da Igreja no Reino da Galiza, a nobreza e a monarquia deslocaram gradualmente as suas sedes para Astúrias, Leóm e Castela, incorporando territórios através de conquistas e uniões dinásticas. E, ao contrário, os reinos fórom divididos para distribuí-los entre os seus herdeiros.

Um acontecimento relevante foi a distribuiçom de Fernando I a três dos seus filhos, dos reinos da Galiza, Leão e Castela. Após uma guerra subsequente entre os reis irmãos, Afonso VI Rei de Castela, conquistou Leóm e Galiza. E este, pouco antes de sua morte, casou a dous condes da Borgonha (Raimundo e Enrique) com duas de suas filhas (Teresa e Urraca). Assim, Raimundo e Urraca fórom proclamados Condes da Galiza, e Enrique e Teresa Condes de Portugal.
 
Ambos os casamentos tiveram como herdeiros dous reis com o mesmo nome, o de seu avô. Afonso Raimúndes (filho de Raimundo) nascido em Caldas de Reis e aluno de Gelmírez, foi coroado Rei da Galiza na catedral de Compostela (e mais tarde também de Leóm e Castela como Afonso VII). 

Enquanto o Afonso Henriques (filho de Enrique) proclamou a independência do condado de Portugal no século XII. Depois de uma nova guerra e do consentimento do Papa, tornou-se o primeiro rei de Portugal e tanto a expansom do novo reino para o sul durante a reconquista, como a expansom de Castela, deixaram a Galiza encurralada no canto noroeste da Península.

Castillo de Pambre
Castelo de Pambre


A Galiza tinha na Idade Média cinco cidades episcopais e cada uma tinha a sua catedral (Santiago, Lugo, Ourense, Mondoñedo e Tui). Às vezes, aliada à nobreza e outras pessoas em disputa, a Igreja teve que enfrentar incursões normandas entre os séculos IX e XII.

O Bispo Cresconio ordenou a construçom de torres defensivas em vários pontos da costa da Galiza, destacando as Torres do Oeste, na Catoria (construída sobre outras existentes romanas), para proteger o estuário do Ulha, o mais largo da Galiza e que terminava muito perto de Compostela. .

Alguns normandos (descendentes dos vikings) misturárom-se com a população e estabelecérom-se em colônias perto da costa da Galiza, à qual chamavam Jakobsland (Terra de Santiago). Mas a maioria deles fez isso temporariamente, saqueavam e partiam, como fizeram em outras partes da Europa, incluindo o Mediterrâneo.

É curiosa a presença de um grande número de loiros de olhos claros na Galiza hoje, em relaçom ao resto da Península Ibérica, devido à herança celta, sueva e normanda... Ademais, no Brasil o termo "galego" tem o significado de persoa loira de pele branca.

Ulf o vikingue, também chamado de "o galego", foi um personagem destacado nesta parte da História da Galiza e exemplo de normando aqui estabelecido, também fazendo acordos com a nobreza galega.

Durante a Idade Média, a Igreja acabou vencendo a batalha sobre os senhores feudais. Na Galiza, as Revoltas Irmandinhas foram as primeiras revoluções sociais na Europa contra o feudalismo

Camponeses, burgueses, pequenos nobres e alguns eclesiásticos, rebelaram-se contra o poder excessivo dos senhores e altos eclesiásticos que obrigaram a pagar altas rendas e impostos, e exigiram que a monarquia e a Igreja parassem com esses abusos de poder.

Assim, a monarquia estabelecida em Castela (anteriormente em Leom e Astúrias) conseguiu acabar com a nobreza galega, executando nobres como o Pardo de Cela ou requisitando propriedades a outros como o Pedro Madruga ou o João da Nova, que foram para o exílio em Portugal. 

Os Reis Católicos definitivamente deram amplo poder à Igreja na Galiza e substituíram aos nobres galegos que nom os apoiavam por nobres castelãos, também nomeando "vice-reis" não galegos que tinham o poder administrativo. Foi o chamado "adestramento e castraçom do Reino da Galiza", aproveitando a desordem social deste território.

As Guerras Irmandinhas deixaram mais de cem fortalezas, torres e castelos destruídos, por isso hoje som conservadas poucas e a maioria em ruínas. E enquanto o feudalismo dos condes e senhores da Idade Média terminava, durante a Idade Moderna cresceu uma nova nobreza menos poderosa, a dos fidalgos, que ocuparam terras e construíram os famosos paços, hoje tam representativos do país. Enquanto isso, o poder da Igreja manifestava-se na expansom de igrejas e mosteiros.

A Galiza, ao longo da sua história, nunca se isolou das correntes culturais europeias, chegando principalmente pelo Caminho de Santiago. Desta forma, a sua capital Compostela tornou-se um importante centro cultural e religioso durante o Reino da Galiza. No entanto, o poder político estava nas mãos das monarquias portuguesa e castelhana, que se expandiam e conformavam os dous grandes Estados ibéricos e posteriormente os Impérios Ultramarinos.

O Reino da Galiza à morte de Carlomagno (ano 814)